Imensidão Azul (Le Grand Bleu)
Direção: Luc Besson
Duração: 167 min.
Gênero: Romance; Drama
Roteiro: Luc Besson (argumento e roteiro), Robert Garland (roteiro), Marilyn Goldin (roteiro), Jacques Mayol (roteiro), Marc Perrier (roteiro)
Elenco: Rosanna Arquette (Johana Baker) ; Jean-Marc Barr (Jacques Mayol); Jean Reno (Enzo Molinari) ; Paul Shenar (Dr. Laurence); Marc Duret (Roberto).
Há um lugar em nosso planeta que é mais incomum que qualquer outro - o menos conhecido e o mais misterioso. É um lugar semelhante ao espaço sideral, no qual as noções convencionais de tempo e distância se diluem. É um lugar mágico e perigoso ao qual o corpo humano, bem como seu espírito, precisa se adaptar. É o único lugar onde um homem chamado Jacques Mayol realmente se sente em casa. É o mar – A Imensidão Azul (Le Grand Bleu).
Este é o meu filme nr. 1, o melhor, o único e o mais especial. Meu filme de cabeceira. E a grande ironia é que é um filme sobre, além de outras coisas, mergulho em apnéia. Logo eu, que tenho pavor do mar. Morro de medo de entrar no raso, quanto mais na Imensidão Azul. Acho lindo olhar o mar, de longe, em terra firme ou no ar. Só superei essa fobia uma vez, para matar meu verme de conhecer o arquipélago de Abrolhos, mas isso é outra história.
Imensidão Azul, é uma semi-biografia do mergulhador Jacques Mayol, que é interpretado pelo ator francês Jean-Marc Barr e cabe ao também francês Jean Reno, fazer o papel de Enzo Maiorca (Molinari no filme). A rivalidade entre os dois fica muito evidente no filme e ambos foram os melhores e maiores mergulhadores das décadas de 60 e 70.
Com diretor e equipe franceses e recursos americanos, essa belíssima produção teve como cenário, locações paradisíacas na Riviera, Córsega, Ilhas Virgens, Bahamas e Grécia. Os cenários são de encher os olhos.
O filme começa na Grécia (em preto e branco – lindo!!!) com Jacques e Enzo ainda crianças, mas já aflorando a rivalidade no mergulho. Após a morte do pai de Jacques, cada um dos amigos toma seu rumo na vida. Alguns anos depois, eles voltam a se encontrar no campeonato mundial de mergulho em apnéia, e a antiga rivalidade aflora. Mesmo com a disputa, fica muito claro o amor e a amizade que envolve os velhos amigos. Um filme de sentimentos intensos, onde até a mais profunda solidão é retratada de uma maneira tão dócil e sutil, que nos envolve.
Minha dica: assista ao filme, de preferência, à noite na maior TV que tiver, apague a luz, e entre de cabeça nas imagens. Depois assista novamente com os olhos fechados, e apenas ouça os sons. Muito viajante… E por favor, deixe o filme em inglês ou francês, não bote dublado por nada nesse mundo, perde todo o charme dos diálogos.
Guarde a cena dos dois retardados na piscina como um brinde a infância.
E mergulhe na Imensidão Azul...
É bom saber...
Jacques Mayol e Enzo Maiorca
Sobre Jacques Mayol:
Nasceu em Xangai, no dia 1 de abril de 1927 e foi encontrado morto (dizem que foi suicídio) na Ilha de Elba - Itália, em 22 de dezembro de 2001. Foi o maior mergulhador francês praticante de apnéia. Em 1976, ele foi o primeiro homem a alcançar os 100 metros de profundidade. Considerado por muitos um homem cheio de mistérios, Mayol era conhecido como "homem-golfinho" e foi estudado por muitos cientistas interessados na fisiologia humana sob a água. Sua paixão sempre foi o mar e ele foi o primeiro homem a descer a 100 metros (330 pés), façanha que realizou em 1976. Ele seguiu isto com mais um recorde de queda de 105 metros (346 pés) na idade de 56, em 1985, quando bateu seu último recorde, ironicamente na ilha de Elba.
Ele era praticante de Yoga, Zen e outras filosofias orientais, disciplinas essenciais que ele incorporou em suas práticas de mergulho livre. E isso fica claro quando se lê “Homo Delphinus - The Dolphin Within Man” de 1986, seu primeiro livro que demonstra uma excepcional visão pessoal da interação entre um homem e o mar. Ele passa a maior parte do livro explorando tanto o carinho e as semelhanças existentes entre o homem e o golfinho, uma busca sincera para "o golfinho adormecido em todos nós".
Casou-se em 1989, com a editora francesa Jeanne Laffitte e publicou no mesmo ano o romance " Les dix rois de la mer: Roman". No entanto, "Homo Delphinus" é a bíblia para todos os apaixonados por mergulho em apnéia. Infelizmente nenhum dos seus dois livros foram editados no Brasil.
Sobre Enzo Maiorca (ou Enzo Molinari no filme):
Nasceu em 21 de junho de 1931, Siracusa, na Sicília. É o mergulhador italiano em apnéia que, depois de quebrar o recorde mundial em muitas ocasiões, deixou uma marca profunda na história da especialidade. Ele quebrou o primeiro recorde mundial, em 1960, em Syracuse, quando desceu de 45 metros de profundidade. Seu desempenho mostrou que as teorias atuais sobre a fisiologia do submarino eram infundadas e mostrou a possibilidade real de se superar a marca de 50 metros. Graças ao seu temperamento, sua simplicidade e espontaneidade, ganhou o carinho de muitos admiradores e fãs que o apoiaram durante 28 anos, toda a sua carreira. Ao todo, Maiorca bateu 13 recordes mundiais no mergulho livre entre 1960 e 1974.
Sobre Mergulho em Apnéia nos Anos 60 e 70:
Na década de 60 surgiram grandes e famosos apneístas além do italiano Enzo Maiorca e do francês Jacques Mayol, foram eles: o brasileiro Américo Santarelli, o polinésio Tetake Williams, e o norte-americano Robert Croft. Em 1960, Américo Santarelli desceu 44 metros e em 1961, Enzo Maiorca chegou aos 51 metros. Em 1965, surgiu Tetake Williams que foi aos 59 metros, mas no ano seguinte Jacques Mayol conseguiu a marca de 60 metros e Maiorca, 62 metros. Em 1967, apareceu Robert Croft marcando 64 metros de profundidade. No final dos anos 60, Mayol rompeu os 70 metros, mas Croft desceu 73 e Maiorca 74 metros.
Rumo ao abismo seguiram os atletas e nesta época se iniciaram maiores estudos sobre o esporte, juntamente com o duelo Mayol x Maiorca que tomou conta do mundo do mergulho livre.
Em 1972, a marca já estava em 80 metros, estabelecida por Enzo Maiorca. Então ele montou uma equipe para auxiliá-lo nos treinamentos e realizar estudos sobre os efeitos do mergulho no corpo humano. Mayol também passou a se dedicar aos estudos sobre apnéia. Durante vários anos Mayol e Maiorca travaram duelos e se revezavam na posição de "The deepest man in the world".
Em 1976, Jacques Mayol foi o primeiro homem a alcançar os 100 metros de profundidade - na disciplina que hoje seria classificada como No Limits. Maiorca só conseguiu esta marca em 1988.
A Trilha Sonora
Precisa relaxar, esquecer os problemas e entrar em órbita? Pega o Cd “The Big Blue” soundtrack, abre um vinho (pode até ser uma cerva bem geladinha – vai o gosto do freguês) e aproveite! Com mais uma parceria grandiosa de Luc Besson com o Eric Serra, não poderíamos esperar nada que não fosse o melhor.
Depois do Ennio Morricone (que é o papa das trilhas sonoras), só o Eric Serra para fazer trilhas tão perfeitas. O cara é um gênio de sensibilidade musical. Ao ouvir o CD (eu tenho os dois – vinil e cd) você vê nitidamente cada cena do filme, chego ao ponto de sentir o cheiro do mar e me sinto dentro dele - apenas em sonho, o que é óbvio!
Normalmente os programas que utilizam cenas de mergulho ou imagens sobre o fundo do mar, aproveitam essa trilha. Com certeza algumas das músicas vocês já ouviram em algum programa do Lawrence Wahba.
A trilha foi toda composta pelo Eric Serra e eu só posso dizer: PERFEITA. Essa é aquela trilha obrigatória para quem gosta de boa música.
| 01. The Big Blue Overture (Saxophone - Gilbert Dall'Anese) |
| 02. Deep Blue Dream |
| 03. Sailing to Death |
| 04. Rescue in a Wreck |
| 05. La Raya |
| 06. Huacracocha (Saxophone - Gilbert Dall'Anese) |
| 07. Water Works |
| 08. Between the Sky-Scrapers |
| 09. Remembering a Heart Beat |
| 10. Spaghetti Del Mare |
| 11. Let Them Try (Piano - Jerome Gueguen) |
| 12. Synchronised Instant |
| 13. Homo Delphinus (Acoustic Guitar - Jean-Michel Kajdan) |
| 14. The Monastery of Amorgos |
| 15. Much Better Down There |
| 16. Cruise of the Dolphin Tribe |
| 17. Second Dive |
| 18. Leaving the World Behind |
| 19. My Lady Blue (vocal Eric Serra) |
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