domingo, 13 de março de 2011

Nada é de graça...

Bravura Indômita (True Grit)

True_Grit_poster11 Ano: 2010

Direção: Joel Coen e Ethan Coen

Duração: 110 min.

Gênero: Faroeste

Elenco: Jeff Bridges (Agente Federal Reuben J. “Rooster” Cogburn); Hailee Steinfeld (Mattie Ross); Matt Damon (Texas Ranger La Boeuf); Josh Brolin (Tom Shaney); Barry Pepper (Ned "Sortudo" Pepper).

"As pessoas não crêem que uma jovem garota possa sair de casa e sair no inverno para vingar o sangue de seu pai, mas aconteceu. Eu tinha apenas 14 anos quando um covarde chamado Tom Chaney, atirou em meu pai. E lhe tirou a vida e o cavalo, e 2 peças de ouro da Califórnia que ele carregava em suas calças. Chaney era um homem contratado e papai tinha levado ele para Forte Smith para ajudá-lo a levar de volta uma série de pôneis mustangs que ele havia comprado. Na cidade, Chaney caiu na farra e nas cartas, e perdeu todo seu dinheiro. Ele pôs na cabeça que tinha sido enganado e voltou para a pensão para pegar seu rifle Henry. Quando papai tentou intervir, Chaney atirou nele. Chaney fugiu. Ele poderia ter montado seu cavalo, que nenhuma alma naquela cidade se importaria em persegui-lo. Sem dúvida Chaney achava que estava livre. Mas ele estava errado. Você deve pagar por tudo nesse mundo, de um jeito ou de outro. Nada é de graça. Exceto a graça de Deus."

Assim começa a história da menina Mattie Ross (Hailee Steinfeld), de apenas 14 anos, que descobre que seu pai foi assassinado e roubado pelo malvado Tom Shaney (Josh Brolin). Em busca de vingança, ela resolve contratar o bebarrão e caolho Agente Federal Reuben J. "Rooster" Cogburn (Jeff Bridges), para ir atrás do bandido. Inicialmente ele recusa a oferta, mas como precisa de dinheiro acaba aceitando. Mattie exige ir junto com Rooster, o que para ele não é uma boa idéia. Para capturar Shaney eles precisam entrar em território indígena e encontrá-lo antes de La Boeuf (Matt Damon), um policial do Texas que está à sua procura devido ao assassinato de um senador.bravura-indomita_003cronicascariocas

Geralmente não gosto de refilmagens, principalmente as feitas de filmes que se tornaram clássicos. Em 1969, John Wayne arrasou com seu “Rooster” e me parecia impossível alguém superá-lo. Doce engano o meu.

Esta refilmagem do clássico Bravura Indômita, baseada no livro de Charles Portis feita pelos irmãos Coen, pode ser considerada um clássico do clássico. Ela é perfeita!

Jeff Bridges está fenomenal como o xerife Reuben J. "Rooster" Cogburn, seu forte sotaque, seus trejeitos de bebarrão e toda a arrogância que seu personagem exala. Ele nasceu para ser “Rooster”. Mais uma vez a parceria irmãos Coen e Jeff Bridges dá certíssimo (O Grande Lebowski - 1998). Assim como dos Coen com o Josh Brolin (Onde os Fracos Não Têm Vez – 2007, e Cada Um Com Seu Cinema - 2007).

Matt Damon está irreconhecível com seu policial texano La Boeuf, e também arrasa na interpretação de mais um personagem totalmente diferente do seu cansativo excesso Bourne.Bravura-Indomita-27 (1)

Mas o melhor do filme é a estreante Hailee Steinfeld, que simplesmente nos seus poucos 14 anos, dá um banho de interpretação e força a uma personagem que se sobressai divinamente bem perante a monstros sagrados de Hollywood. Essa menina tem futuro, e um dos mais brilhantes possíveis. Ao menos ela está no caminho certo.

Uma reclamação: o nome de Hailee não aparece nos cartazes do filme, o que foi um desleixo e uma grande pena, pois tudo gira em função dela, que narra a história e conduz com maestria toda a trama.

Bravura Indômita é um filme excelente e conta com uma fotografia excepcional. Mas mesmo sendo primoroso, não deixa de ter cenas que a gente chaga a se perguntar que lombra foi essa? Como a cena do cara vestido com a capa de lobo... O que era aquilo? Muito Coen para mim...

Amei a voz que Jeff Bridges faz, todo o álcool e toda a sua coragem estão claramente passadas no tom de sua voz.

Um filme sobre bravura, coragem, um filme para macho mas que, com toda docilidade escondida nas entrelinhas, este é um filme que mulherzinhas gostarão, assim como eu gostei. Vale conferir.Excelente

quinta-feira, 10 de março de 2011

Eu quero... Eu preciso... Eu...

Amar... Não Tem Preço (Hors de Prix)

hors_de_prix Ano: 2006

Direção: Pierre Salvadori

Duração: 110 min.

Gênero: Romance; Comédia

Elenco: Audrey Tautou (Irène); Gad Elmaleh (Jean); Marie-Christine Adam (Madeleine); Vernon Dobtcheff (Jacques); Jacques Spiesser (Gilles); Annelise Hesme (Agnès).

A jovem e interesseira Irène (Tautou) está hospedada em um luxuoso hotel com seu amante rico, quando conhece o tímido garçom Jean (Elmaleh), surge uma atração entre os dois. Mas Irène confunde Jean com um ricaço e acha que pode unir o útil ao agradável. A partir daí começa uma sessão de encrencas e confusões, envolvendo identidades trocadas, e o esforço de Jean para manter sua farsa. Será que ele irá conseguir manter seu segredo, e se virar para sustentar os gostos caros da sua amada?

Para quem lembra daquela Audrey toda fofa e meiga de Amélie Poulain, esqueça-a! Audrey Tautou está ácida, arrogante e picaretamente pedante nesta produção divertida do cinema francês. Logo no início do filme você acaba ficando com raiva dela, por causa do jeito vadia que ela representa, mas no decorrer da película um quê da Amélie aparece sutilmente adocicando o personagem. Já o marroquino Gad Elmaleh faz o tipo feioso-sedutor-engraçado que cativa desde o primeiro momento, afinal, ele tem um olhar tão chorão, que dá dó! Com um figurino de encher os olhos de tanta grife (Chanel) e imensos decotes, Hors de Prix é um filme divertido, com uma estória bobinha e previsível, mas muito boa para relaxar. Vale conferir se você gosta de humor francês e é fã de Audrey Tautou.

Interessante

quarta-feira, 9 de março de 2011

Morrer é nascer em um novo mundo

Além da Vida (Hereafter)

alem-da-vida-poster1 Ano: 2010

Direção: Clint Eastwood

Duração: 129 min.

Gênero: Drama

Elenco: Matt Damon (George Lonegan); Cécile de France (Marie LeLay); George McLaren (Marcus); Frankie McLaren (Jason).

"Três pessoas são tocadas pela morte de maneiras diferentes. George (Matt Damon) é um americano que desde pequeno consegue manter contato com a vida fora da matéria, mas considera o seu dom uma maldição e tenta levar uma vida normal. Marie (Cécile De France) é jornalista, francesa, e passou por uma experiência de quase morte durante um tsunami. Em Londres, o menino Marcus (Frankie McLaren/George McLaren) perde alguém muito ligado a ele e parte em busca desesperada por respostas. Enquanto cada um segue sua vida, o caminho deles irá se cruzar, podendo mudar para sempre as suas crenças. "

Engraçado que, sempre que penso no Clint Eastwood me vem à mente Os Imperdoáveis, e associo seu nome aos filmes para machos. Mesmo depois das Pontes de Madison, Clint Eastwood é sinônimo de macho. Por isso foi uma grata surpresa de ver seu nome na direção de um filme voltado ao mundo espiritual.

É sabido que o fim existe e que ele é inevitável, mas não temos certeza do que há do outro lado. Neste filme, fica claro que, como em quase tudo na vida, existem as pessoas sérias e os picaretas que se aproveitam da dor das pessoas para explorá-las. Hereafter é de uma beleza cruel e dolorida, um filme lento, mas instigante. As cenas do tsunami são de uma realidade impressionante, pavorosa! Eu, que tenho medo do mar, me arrepiei toda! Deus me livre! Um horror! E a relação entre os dois irmãos e a mãe drogada é de partir o coração mais duro do mundo. São cenas que mexem com a gente, lá dentro, bem no fundo. Algo incomoda, dói, perturba. Você fica a imaginar como haverá de ter um final feliz para tanta dor e tanta perda. Já não chega Marie quase perder a vida física, e logo ela perde realmente a vida vivida por ela, seu emprego, suas lutas, seu pseudo “amado”? Ou a separação dos irmãos e da mãe? Por que tanta dor? Creio que George está certo ao ver seu dom como uma maldição. Não ia gostar de ter gente ao meu redor, somente para que eu falasse com seus mortos. Não. Isso seria terrível. Ajudar é uma coisa, ser explorado é outra.

O que mais achei interessante neste filme é que a morte vem atrelada ao velho conceito de renovação, de recriação e de mudança. Morrer é nascer em um novo mundo, em uma nova vida, e creio que nós morremos um pouco todos os dias, para renovarmos nossa vida constantemente. Para toda dor, existe um remédio, uma cura, basta procurá-los.

Os garotinhos Frankie e George McLaren dão um show de atuação. Os olhares, a cumplicidade e o sofrimento são tão claros e tão bem passados em seus gestos, que seus personagens nos envolvem em sua triste história. É como se você sentisse a dor deles.

E Matt Damon, depois das porradas dos vários Bournes, está perfeito e convincente como George, o vidente sensível que sofre para ter uma vida normal, enquanto seu irmão só pensa em explorá-lo.

E quanto a Cécile De France, essa linda atriz belga, mas quase francesa (mudou-se para a França aos 17 anos), o que posso dizer é que ela é cativante e divina em seu papel. Seus olhos são tão expressivos que você vê o pânico estampado neles quando ela é atingida pela tsunami, a luta por sua vida, o vazio em sua quase morte... Ela é mais um bom presente que o cinema francês dá ao mundo.

Como eu gosto do tema, sou suspeita para falar, mas Hereafter foi e é um dos melhores filmes ligados ao lado espiritual que vi nos últimos anos. Sensível, triste e envolvente. Nem só de macho Clint Eastwood é feito. Vale conferir. Excelente

terça-feira, 8 de março de 2011

1340 - este é o ano onde tudo começou...

Julieta (Juliaeta)

Julieta Ano: 2010

Autor: Anne Fortier

Editora: Sextante Ficção

Brochura – 23 x 16 cm

1ª Edição – 448 pág.

Julie Jacobs e sua irmã gêmea, Janice, nasceram em Siena, na Itália, mas desde os 3 anos foram criadas nos Estados Unidos por sua tia-avó Rose, que as adotou depois de seus pais morrerem num acidente de carro. Passados mais de 20 anos, a morte de Rose transforma completamente a vida de Julie. Enquanto sua irmã herda a casa da tia, para ela restam apenas uma carta e uma revelação surpreendente - seu verdadeiro nome é Giulietta Tolomei. A carta diz que sua mãe havia descoberto um tesouro familiar, muito antigo e misterioso. Mesmo acreditando que sua busca será infrutífera, Julie parte para Siena. Seus temores se confirmam ao ver que tudo o que sua mãe deixou foram papéis velhos - um caderno com diversos esboços de uma única escultura, uma antiga edição de Romeu e Julieta e o velho diário de um famoso pintor italiano, Maestro Ambrogio. Mas logo ela descobre que a caça ao tesouro está apenas começando..”

Tudo que parece ser, mas não é. Essa é a máxima para esta estória. Um romance, uma aventura, crimes, vilões e mocinhas indefesas (nem tanto assim). Uma mistureba de coisas que deu certo. Julieta é um livro bem “seção da tarde”, gostoso de ler, leve, divertido e romântico. Tem uma história por trás da história, e esta se confunde com a obra de Shakespeare, sendo mais realista e cruel. E é aí que o livro fascina. Imaginar que os famosos amantes de Verona, existiram em Siena e conhecer um pouco mais sobre a história do Palio (a disputa tradicional e não o carro!) é encantador.

Eu, na verdade, nunca fui muito fã de Romeu e Julieta. Desculpe-me os fãs ardorosos de Shakespeare, mas essa de final dolorosamente infeliz, onde um finge que morreu e o outro pensando que seu objeto de amor está morto, se mata e o objeto amado acorda e vê morto seu amor e depois se mata – me poupe - com os dois amantes morrendo e depois de tudo o que eles passaram para ficarem juntos? NÃO!!! Corta essa. Não gosto e nunca gostei. I’m sorry! Se é para sofrer muito, e de morte trapalhada, estou fora. OUT! Mas Anne Fortier nos presenteou com uma nova leitura desta obra que arrasta fãs em todo o mundo (o que não é o meu caso). Neste livro, Romeu e Julieta existiram e morreram, mas não uma morte trapalhada, mas uma morte honrosa e dolorosa, gerada por uma seqüência de fatos que influenciaram o trágico desfecho. E a conseqüência dessas mortes reflete na vida de todos que participaram direta ou indiretamente da história, seja no passado (1340) ou nos dias de hoje.

Posso até está cometendo uma heresia, mas gostei mais dessa versão da Anne Fortier do que da obra original.

Independente do que penso, Romeu e Julieta é um clássico, um marco na história das obras de Shakespeare. E creio que, Anne Fortier, ao criar esta nova visão deste importante romance, prestou uma belíssima homenagem. Vale conferir.Interessante

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