A Lenda do Pianista do Mar (The Legend of 1900)
Título Original: La Legenda del Pianista Sull'Oceano
Direção: Giuseppe Tornatore
Duração: 123 min.
Gênero: Drama
Elenco: Tim Roth (1900 - Danny Boodman T.D. Lemon 1900); Pruitt Taylor Vince (Max Tooney); Mélanie Thierry (The Girl); Bill Nunn (Danny); Clarence Williams III (Jelly Roll Morton); Peter Vaughan (o Lojista).
A Lenda do Pianista do Mar é o 1º filme em inglês do diretor italiano Giuseppe Tornatore, o mesmo de Cinema Paradiso (1988). É baseado no monólogo teatral Novecento, de Alessandro Barico, um poema belo e sensível, transformado na fábula cinéfila com roteiro do próprio Tornatore, e músicas do genial e premiado Ennio Morricone, com participação de Roger Waters (ex-Pink Floyd).
“Ainda me pergunto se fiz a escolha certa ao abandonar a sua cidade flutuante. E não me refiro apenas ao emprego. O fato é que, um amigo como aquele, um amigo de verdade, não se encontra outra vez. Se você decidir abandonar a sua vida no mar, e quiser sentir alguma coisa sólida debaixo dos pés, aí sim, você não ouve mais a música dos deuses à sua volta. Mas, como ele costumava dizer: "Nunca estará acabado, enquanto você tiver uma boa história e alguém para poder contá-la." O problema é que ninguém acredita numa só palavra da minha história.”
Começa assim a história contada por Max Tooney, músico trompetista, em forma de flashbacks, e que abrange um período de mais ou menos 46 anos, que vai do início do século XX até o pós Segunda Guerra Mundial. É a história de um menino que nasce em alto-mar, e recebe o nome de Danny Boodman T. D. Lemon Mil e Novecentos (Danny Boodman - do "pai" adotivo; T. D. Lemon - o que estava escrito na caixa; Mil e Novecentos - o ano em que ele nasceu). Mil e Novecentos foi encontrado abandonado dentro de uma caixa de limão em cima de um piano, pelo maquinista Danny Boodman (Bill Nunn), no transatlântico The Virginian, que faz a rota Europa e América, e este o "batiza" e o esconde com medo de levarem a criança, já que é órfã e não tem nacionalidade. Em um trágico acidente, Danny morre e toda a tripulação passa a cuidar do menino. Um dia, de madrugada, os passageiros e a tripulação são acordados pelo som de um piano tocando, é Mil e Novecentos, um prodígio da música. Daí se desenvolve a cativante história deste fantástico pianista.
O drama psicológico é intenso, já que é, através de sua música, a única maneira que Mil e Novecentos tem de se comunicar sentimentalmente com o mundo. Ele toca o que vê, o que sente, o que está ao redor dele, sobre as pessoas que o cercam, mas em momento algum, ele consegue se desprender do seu mundo particular e encarar a terra firme. Seu mundo está limitado entre a proa e a popa do barco. Ele não consegue se expressar através das palavras, descer até o continente, pois está permanentemente preso a um oceano (que representa a figura materna – ausente na sua criação), dentro de um navio (seu útero – único lugar no mundo que ele se sente seguro) e ao piano (objeto para anestesiar sua dor, seu cano de escape, sua “droga”). E isso fica muito claro, ao final do filme, quando em conversa com Max, Mil e Novecentos diz: “A terra firme é um barco grande demais para mim”.
Tim Roth Pruitt e Taylor Vince nos brindam com atuações magnânimas e cativantes.
Um filme simples, mas de rara beleza. Não tem mocinhos e nem vilões, quanto mais romance. É um drama sensível, para pessoas sensíveis e para quem gosta de jazz e da boa música, é um fascínio. Eu indico. Vale muito conferir. Belíssimo!
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