A Partida (Okuribito / Departures)
Direção: Yojiro Takita
Duração: 130 min.
Gênero: Drama.
Elenco: Masahiro Motoki (Daigo Kobayashi); Ryoko Hirosue (Mika Kobayashi); Kazuko Yoshiyuki (Tsuyako Yamashita); Tsutomu Yamazaki (Shōei Sasaki); Kimiko Yo (Yuriko Uemura); Takashi Sasano (Shōkichi Hirata); Tetta Sugimoto (Yamashita); Toru Minegishi (Toshiki Kobayashi); Tarō Ishida (Mr. Sonezaki).
“A Partida” mexeu com minha alma e me fez, conseqüentemente, parar para pensar na hora da partida. O respeito por quem parte, o amor e a delicadeza de todo o ritual, isso tudo me deixou com uma inveja danada, pois nós ocidentais não temos essas tradições com tantos detalhes e respeito.
A fotografia é maravilhosa. Pause o filme em qualquer cena e veja lá uma linda imagem. A música nem se fala... Tudo casa com a perfeição. É como uma tela de pintura mostrando toda a sua grandiosidade. Como um bom poema sendo representado na sua frente.
Tirando os clássicos de Akiro Kurosawa, nunca fui muito fã do cinema japonês, mas neste caso, fui conquistada e seduzida por esta obra tão cativante e sedutora.
A história é bem simples... Daigo Kobayashi é um jovem casado que toca violoncelo em uma orquestra sinfônica em Tóquio. Mas, ela é dissolvida e ele fica sem trabalho. Por isso decide voltar a morar na sua cidade natal. Logo arruma um emprego como “noukan”, um tipo de personal style de defuntos. É uma profissão que não é bem vista por sua mulher e nem por seus conhecidos, até o momento em que precisam usar de seus serviços.
Na verdade, as profissões de “dono de funerária”, “embalsamador”, “coveiros” e afins nunca são bem vistas. As sociedades tendem a discriminar profissões ligadas à morte, seja desde o legista ao coveiro. Isso é natural, pois a morte teoricamente assusta, enfeia e junto a ela normalmente vem sofrimento. No caso deste filme vemos uma face diferente. Onde a morte é uma partida para uma viagem (sem volta), mas se vamos partir, partiremos com dignidade, com beleza e um certo requinte. A maneira de tratar o cadáver com tanto respeito é simplesmente encantadora. Tem todo um ritual, uma delicadeza e uma profunda deferência para com o morto. As pessoas só passam a dar valor a este trabalho e a reconhecerem o quanto ele é importante e imprescindível quando se veem necessitando de seus serviços. [SPOILER] Tem uma cena que marcou muito esta visão: eles chegam atrasados na casa de um cliente, e o marido da morta está indócil, grosseiro. Após todo o ritual, você nota que não há mais lágrimas nos olhos dos familiares e sim carinho aliado ao respeito. Um sentimento de honra fica claro nessa hora. E a senhora que estava morta fica não com a aparência de um cadáver, mas de quem está serenamente dormindo no momento de sua partida. Aí sim, o marido vem e agradece os feitos por sua família e sua mulher. E exatamente neste instante fica claro o valor desta profissão.
Tem uma série de fatores envolvidos nos detalhes do filme... A lembrança dolorosa do pai que foi embora, o estudo contínuo do violoncelo, a “carta de pedra”, a relação marido X mulher X trabalho, o orgulho, o perdão...
Um filme lindo, perfeito, como há muito eu não via. Emocionante. Vale mais do que conferir. Vale ter, ver, assistir e rever sempre que puder para não esquecer o quanto coisas que parecem tão pequenas e insignificantes são importantes em nossa vida.
Mais detalhes sobre este filme no blog http://1filme.net/a-partida-2008.
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