sexta-feira, 27 de maio de 2011

Homenagem aos mortos…

A Partida (Okuribito / Departures)

A PARTIDAAno: 2009

Direção: Yojiro Takita

Duração: 130 min.

Gênero: Drama.

Elenco: Masahiro Motoki (Daigo Kobayashi); Ryoko Hirosue (Mika Kobayashi); Kazuko Yoshiyuki (Tsuyako Yamashita); Tsutomu Yamazaki (Shōei Sasaki); Kimiko Yo (Yuriko Uemura); Takashi Sasano (Shōkichi Hirata); Tetta Sugimoto (Yamashita); Toru Minegishi (Toshiki Kobayashi); Tarō Ishida (Mr. Sonezaki).

“A Partida” mexeu com minha alma e me fez, conseqüentemente, parar para pensar na hora da partida. O respeito por quem parte, o amor e a delicadeza de todo o ritual, isso tudo me deixou com uma inveja danada, pois nós ocidentais não temos essas tradições com tantos detalhes e respeito.

A fotografia é maravilhosa. Pause o filme em qualquer cena e veja lá uma linda imagem. A música nem se fala... Tudo casa com a perfeição. É como uma tela de pintura mostrando toda a sua grandiosidade. Como um bom poema sendo representado na sua frente.

Tirando os clássicos de Akiro Kurosawa, nunca fui muito fã do cinema japonês, mas neste caso, fui conquistada e seduzida por esta obra tão cativante e sedutora.2009_departures_001

A história é bem simples... Daigo Kobayashi é um jovem casado que toca violoncelo em uma orquestra sinfônica em Tóquio. Mas, ela é dissolvida e ele fica sem trabalho. Por isso decide voltar a morar na sua cidade natal. Logo arruma um emprego como “noukan”, um tipo de personal style de defuntos. É uma profissão que não é bem vista por sua mulher e nem por seus conhecidos, até o momento em que precisam usar de seus serviços.

Na verdade, as profissões de “dono de funerária”, “embalsamador”, “coveiros” e afins nunca são bem vistas. As sociedades tendem a discriminar profissões ligadas à morte, seja desde o legista ao coveiro. Isso é natural, pois a morte teoricamente assusta, enfeia e junto a ela normalmente vem sofrimento. No caso deste filme vemos uma face diferente. Onde a morte é uma partida para uma viagem (sem volta), mas se vamos partir, partiremos com dignidade, com beleza e um certo requinte. A maneira de tratar o cadáver com tanto respeito é simplesmente encantadora. Tem todo um ritual, uma delicadeza e uma profunda deferência para com o morto. As pessoas só passam a dar valor a este trabalho e a reconhecerem o quanto ele é importante e imprescindível quando se veem necessitando de seus serviços. [SPOILER] Tem uma cena que marcou muito esta visão: eles chegam atrasados na casa de um cliente, e o marido da morta está indócil, grosseiro. Após todo o ritual, você nota que não há mais lágrimas nos olhos dos familiares e sim carinho aliado ao respeito. Um sentimento de honra fica claro nessa hora.a-partida-3 E a senhora que estava morta fica não com a aparência de um cadáver, mas de quem está serenamente dormindo no momento de sua partida. Aí sim, o marido vem e agradece os feitos por sua família e sua mulher. E exatamente neste instante fica claro o valor desta profissão.

Tem uma série de fatores envolvidos nos detalhes do filme... A lembrança dolorosa do pai que foi embora, o estudo contínuo do violoncelo, a “carta de pedra”, a relação marido X mulher X trabalho, o orgulho, o perdão...

Um filme lindo, perfeito, como há muito eu não via. Emocionante. Vale mais do que conferir. Vale ter, ver, assistir e rever sempre que puder para não esquecer o quanto coisas que parecem tão pequenas e insignificantes são importantes em nossa vida.

Mais detalhes sobre este filme no blog http://1filme.net/a-partida-2008.Excelente

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma das maiores histórias de amor do mundo…

O Pedido (Guzaarish / The Request)

cinema-GuzaarishAno: 2010

Direção: Sanjay Leela Bhansali

Duração: 135 min.

Gênero: Drama.

Elenco: Hrithik Roshan (Ethan Mascarenhas); Aishwarya Rai (Sofia D'Souza); Patel Shernaz (Devyani Dutta); Ali Nafisa (Isabel Mascarenhas/mãe de Ethan); Aditya Kapoor Roy (Omar Siddique); Suhel Seth (Dr. Nayak).

Vou logo dizendo, sou um pouco preconceituosa com filmes produzidos na Índia, pois penso logo nas dancinhas. Graças aos bons gurus, este não é o caso desse belíssimo filme de amor. Um drama sofrido, daqueles de encher baldes de lágrimas, mas de um amor tão forte que não dá para não se envolver.

Guzaarish” nos conta a história do mágico Ethan Mascarenhas, que sofreu um “acidente” e ficou tetraplégico e, após 14 anos preso a uma cama, resolve que está na hora de dar um basta em sua vida. Ele procura uma forma legal de conseguir uma autorização para fazer sua eutanásia. Como em vários países do mundo, na Índia também é proibida a eutanásia. Entre a batalha judicial que envolve este processo, há toda uma história de amor por traz deste drama. Ethan não está só, pois tem sua melhor amiga e advogada Devyani; tem Omar Siddique, um jovem aprendiz de mágico, g4discípulo de Ethan; e tem Sofia, sua fiel e dedicada enfermeira há 12 anos; entre outros amigos e personagens que se desenvolvem no decorrer da história.

Onde está o encantamento desse drama? Na relação entre Ethan e Sofia. Ele precisando morrer, pois não aguenta mais sua maneira de viver, apesar de que, durante estes 14 anos como tetraplégico, ele ajudou com apoio e incentivos outras pessoas que sofrem como ele. E ela, com toda sua compaixão e um amor tão profundo por Ethan, sofrendo por compreender que é necessário aceitar a dor e deixá-lo morrer.

Guzaarish” nos ensina sobre um amor incondicional e a liberdade de escolher o direito sobre seu próprio corpo. Uma das principais questões que você fica se perguntando durante todo o filme é: eles estão sendo maus amigos por não ajudá-lo a terminar com a sua vida ou, o amor é tão grande que você faria qualquer coisa para ajudá-lo a Guzaarish_TheUthWorld.blogspot.com (1)acabar com o sofrimento? Não é uma pergunta fácil de responder. Deixar o ser amado partir sem lutar nunca é, e nunca será fácil. Até onde pode chegar o nosso amor por alguém? Você é capaz?

Outra coisa que eu senti e pensei ao ver este filme: como Alberto Caeiro dizia “Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é”. O momento de nossa morte deveria ser uma tremenda festa, não choro e luto. Deveria ser uma reunião de amigos e familiares com boas lembranças, muito riso e alegria. Morrer é nascer em uma outra vida.

Uma história profunda, comovente, irresistível. A química perfeita entre  os personagens é visível e envolvente. Fiquei encantada com os belos olhos verdes de Hrithik Roshan e com sua personalidade forte e temperamental; e não há como não ser seduzido pela belíssima miss/modelo/atriz indiana Aishwarya Ray - pense numa mulher bonita (queria eu ser assim). Eu mais que recomendo e preparem o balde para a cena final.Interessante

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Dama Fantasma

Café da Manhã em Plutão (Breakfast on Pluto)

breakfast_on_plutoAno: 2005

Direção: Neil Jordan

Duração: 135 min.

Gênero: Drama.

Elenco: Cillian Murphy (Patrick/Patrícia 'Kitten' Braden); Conor McEvoy (Jovem Patrick Braden); Liam Neeson (Padre Liam); Ruth Negga (Charlie); Laurence Kinlan (Irwin); Stephen Rea (Bertie); Brendan Gleeson (John-Joe); Gavin Friday (Billy Hatchet); Eva Birthistle (Eily Bergin/Eily Lookalike); Ruth McCabe (Mãe Braden); Steven Waddington (Insp. Routledge).

Alguns filmes a gente assiste gosta, mas esquece. Outros são encantadores, e nos marcam e mexem com a gente de uma maneira impressionante, sem motivo algum passam a fazer parte daqueles filmes “perfeitos”. Este é o caso de “Café da Manhã em Plutão”. Me encantei com a triste e corajosa trajetória da vida de Patrick ‘Kitten’ Braden. Tudo poderia ser bem normal para o universo cinematográfico: “Um bebê é deixado na porta de uma igreja; o padre entrega a criança para adoção; a criança – um menino – gosta de se vestir de menina; a mãe adotiva despreza esse menino; ele descobre que é adotado e sai em busca de sua mãe verdadeira”. Até aí seria apenas mais uma história triste, mas não. Neil Jordan com sua visão incomum consegue, mais uma vez, nos seduzir com um personagem tão comovente e apaixonante quanto Patrick “Kitten” Braden. breakfast-on-pluto-2005-05-g

O próprio Patrick nos conta sua história em flashback, e vai abrindo este conto, que mais parece uma fábula (note os passarinhos falantes da abertura) sobre as vicissitudes de sua vida. Neste ínterim vemos que não somente nós, mas todos os personagens que circulam em torno de Patrick acabam envolvidos por sua docilidade contagiante. Um bom exemplo é o policial que depois de torturá-lo se rende e passa a ajudá-lo. O filme é cheio dessas coisas. Pessoas que entram na vida dele e se encantam. A docilidade e ingenuidade de Patrick são tão grandes que chegam a confundir com loucura. Mas ele tem uma missão, encontrar sua verdadeira mãe - “A Dama Fantasma” – e em momento algum ele perde o foco.

No contexto histórico nos deparamos com as tragédias vividas pelo povo irlandês – o filme se passa na Irlanda e na Inglaterra – ocasionadas pelos atentados do grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês), no período dos anos 60 e 70.

Café da Manhã em Plutão é baseado na obra do romancista irlandês Patrick McCabe.

18469661Como é um filme de Neil Jordan não é de se estranhar o Stephen Rea no elenco, o que é previsível. Liam Neeson está sedutor como o padre Liam. Mas o show é de Cillian Murphy que nos dá uma aula de como construir um personagem sem cair no burlesco. Seus trejeitos são tão delicados e femininos que em alguns momentos chegamos realmente a acreditar que Patrick na verdade é Patrícia.

Um filme surpreendente, uma aula sobre sexualidade, amizade, aceitação, coragem e acima de tudo persistência. Embalado por uma trilha sonora fantástica e atores magníficos! Me encantei com a "Kitten" e sua história. Cillian Murphy mais uma vez dando um show de atuação. Salve a "Dama Fantasma"!!! Vale conferir.Excelente

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